SUPERMAN - SAGA REVIEW
Texto: M.V.Pacheco
Revisão: Thais A.F. Melo
🔷Superman (1978)
"Isto não é uma fantasia" é a primeira frase do monstro sagrado do cinema Marlon Brando no filme. Não poderia ser mais irônica, já que o ator principal, Christopher Reeve, o próprio Superman e símbolo máximo de força e da indestrutilidade, ficou tetraplégico, anos mais tarde, e acabou falecendo em decorrência do acidente.
E logo na sequência, Jor-El (Brando), após condenarem os três vilões do filme seguinte à Zona Fantasma, debate com o conselho sobre a situação capital de Krypton. Eles, negacionistas, preferem desacreditá-lo, mesmo sendo um renomado cientista. Jor-El prevê a destruição do seu planeta e alerta o governo, que não lhe dá crédito. Assim, decide salvar seu filho, mandando-o para a Terra, onde terá superpoderes.
Na Terra, ele usa o nome de Clark Kent (Christopher Reeve) e já adulto e trabalhando como repórter em um jornal, não demonstra ter superpoderes. Mas quando uma situação inesperada põe em risco a vida de Lois Lane (Margot Kidder), uma colega de trabalho, ele é obrigado a se revelar para o público, ficando conhecido popularmente como Superman. Descontente com o surgimento de um super-herói na cidade, Lex Luthor (Gene Hackman), um gênio do mal, o obriga a se desdobrar para evitar a morte de milhões de pessoas.
Solidão
Krypton tem uma atmosfera de isolamento perturbadora. Aparentemente sem animais ou formas de vida além dos kryptonianos. O planeta parece um iceberg solto no espaço. O que contrasta drasticamente com a aproximação do Sol de Krypton.
Em meia hora de filme, Krypton já pereceu, Clark veio para a Terra, foi adotado, cresceu e já aparece com estilo universitário em Smallville. Há muitas histórias para se imaginar, muitas memórias que gostaríamos de ter, mas o foco do filme é no Superman adulto.
Porém, a jornada do herói remete à atmosfera de Krypton: solitária. Ele perde sua mãe e dois pais neste tempo. Perde o seu povo, seu planeta, e estabelece, com o cristal colocado pelo pai em sua nave, a Fortaleza da Solidão. A fazenda dos seus pais adotativos, inclusive, emula Krypton (como verá na foto).
Mas o ímpeto de Clark é movimento. Ele cansou de ser sozinho. E mais que isso, cansou da solidão. E vai trabalhar justamente em um local insanamente movimentando. E lá, encontra seu grande amor. Mas durante o processo aprenderá que todos que ele ama, se tornam alvos.
Norte.
Já em seus momentos iniciais, Superman mostra a que veio com a antológica trilha de John Williams. Hoje, é impossível dissociair o tema do herói. Algo válido para qualquer situação. Nenhum compositor conseguiu dar uma nova vida ao personagem no cinema. Todos ficaram na sombra de Williams.
A cena de abertura, com nome indo e vindo pelo espaço, é hipnótica, Eu só consegui iniciar o post após a abertura.
Christopher Reeve e George Reeves - A Morte dos Supermans
Difícil acreditar numa coincidência mais infeliz. George Reeves, protagonista da famosa série de TV do Superman nos 50, morreu de forma trágica. E Christopher Reeve, protagonista da mais famosa e importante versão para os cinemas do Superman, morreu também de forma trágica.
Mais curioso ainda que, entre 1999 e 2003, vários rumores apontavam Keanu... Reeves como candidato a novo Superman no cinema por conta dos seus vôos na (então) trilogia Matrix.
George Reeves era um mulherengo, e teve um caso com Toni Lanier, uma ex showgirl e esposa do executivo da MGM, EJ Mannix. Ela era conhecida por sua beleza e apetite sexual lendário, e, aparentemente, o caso teve a aprovação de seu marido, EJ Mannix, que tinha uma amante. Paralelo a isto, Reeves ficou estigmatizado como Superman, levando-o a um quadro depressivo. George Reeves já tinha tentado o suicídio duas vezes antes. O seu padrasto cometeu suicídio anteriormente.
Na noite da sua morte, ele teria bebido muito e discutiu abertamente com Leonore Lemmon. Reeves teria subido nervoso para seu quarto, sendo que em seguida, Lemmon e os convidados disseram ter ouvido um único tiro vindo do local. Isto por volta das 2 da manhã. Porém, os convidados só chamaram a polícia quase 1 hora depois.
O que "levantou suspeitas" a respeito da morte de George é que encontraram furos de balas adicionais no assoalho de sua cama, e algumas cápsulas em locais diferentes. Ele foi achado nu e com machucados pelo corpo. Com base nestas 3 linhas, até o mais cético acreditaria que houve mais do que foi dito, porém o inquérito foi finalizado declarando que George Reeves havia tirado sua própria vida!!! Esta é uma daquelas sujeiras de Hollywood que nunca saberemos o que ocorreu de verdade.
Como se não bastasse, para aumentar a teoria de conspiração, existem relatos de que a casa onde Reeves se matou, hoje é assombrada com ruídos inexplicáveis no quarto superior (local de sua morte). Inclusive, sentem cheiro de pólvora, além de pertences e objetos que são movimentados.
Existem também relatos de que cachorros quando levados à casa, ficam latindo e recusando-se a entrar na sala, bem como luzes que ficam piscando ou se apagando sem motivo algum. Alguns até dizem que George Reeves aparece no pé da cama dos atuais proprietários de vez em quando. Seria o espírito inquieto do ator morto injustamente, que fica vagando no local do crime?
Na mesma década do falecimento de Reeves, nascia em Nova York, Christopher D'Olier Reeve. Christopher começou a atuar com dez anos de idade. Reeves parece que nasceu para o papel e jamais foi superado. Até hoje é considerado o melhor filme de herói já feito.
Porém, ao contrário de George, Reeves que fez vários papéis de destaque, como Em Algum Lugar do Passado, Armadilha Mortal, Monsenhor, Fugindo do Inferno 2, Vestígios do Dia, Cidade dos Amaldiçoados, além de um bom número de filmes feitos para a TV.
Em maio de 1995, participando de um concurso de equitação com salto de obstáculos, Christopher Reeve caiu do seu cavalo violentamente de cabeça, fraturando duas vértebras próximas ao seu pescoço e ficou com sua medula espinhal danificada.
Depois de ser submetido a uma perigosa operação, que somente recuperou o movimento dos dedos de sua mão esquerda, que conseguiu articular com muito esforço. Os médicos salvaram a vida de Reeve, mas anunciaram que a lesão era irreversível, ficando assim, tetraplégico.
Christopher passou 6 meses no Instituto de Reabilitação Kessler em New Jersey, enquanto sua esposa Dana, transformou sua casa para adequá-la a situação. Depois de passar por tratamentos e fisioterapias, ele foi capaz de respirar sem ajuda de aparelhos, bem como recuperou as sensações em outras partes de seu corpo.
Reeves voltou a atuar, trabalhando inclusive no remake de Janela Indiscreta em 1998, protagonizando uma cena bastante tensa envolvendo as funções que o ator ainda era capaz de fazer. Ganhou inclusive o Screen Actor Guild pelo papel. Após seu acidente, Christopher Reeve se tornou um grande defensor da pesquisa com células-tronco. Ele também é autor de dois livros, "Still Me" e "Anything is Possible".
Pouco antes de sua morte, ele fez participação na série de televisão "Smallville". Ele partiu em 10 de outubro de 2004 aos 52 anos, vítima de um infarto causado por uma infecção. Era casado desde 11 de abril de 1992 com a atriz Dana Reeve, que conhecera em 30 de junho de 1987 em Williamstown. Dana, desde o acidente de Christopher, dedicou-se exclusivamente a cuidar do esposo, uma tarefa que se provou complicada devido à gravidade de sua condição física. Ela também veio a falecer em 6 de março de 2006, vítima de um câncer pulmonar.
E assim foi a morte de dois Supermans na vida real. "Isto não é uma fantasia", como citei acima, é a primeira frase do monstro sagrado do cinema Marlon Brando no filme. Quem dera a vida real fosse na realidade, ficção. E de fato, o filme, não fosse fantasia.
Marlon Brando e Christopher Reeve morreram com três meses de diferença; Brando em 1º de julho de 2004 e Reeve em 10 de outubro.
E não parou por aí...
Com apenas sete meses de idade, Lee Quigley contracenou com grandes astros do cinema, fazendo o papel de filho de Marlon Brando (Jor-El) e Susannah York (Lara). Ele é o bebê colocado em uma nave rumo a Terra antes da explosão do planeta Krypton. Mas ao contrário da nave, sua carreira não decolou.
Lee cresceu, e foi matriculado na Bishop Bell CE School, onde começou a ser constantemente levado a diretoria por mau comportamento. Ele também sofria bullying na escola, apanhando constantemente dos colegas que queriam ver se ele realmente "era o Superman". Ele tornou-se um adolescente deprimido e revoltado, e começou a experimentar drogas e álcool. Lee Quigley tornou-se viciado em cheirar cola e solventes. E em março de 1991, acabou falecendo de uma overdose acidental, intoxicado com uma mistura de solventes que havia preparado. Ele tinha apenas 14 anos de idade.
Já Margot Kidder foi diagnosticada, em 1996, com Transtorno Bipolar, depois de ter sido encontrada vivendo nas ruas e no quintal de pessoas aleatórias. Durante esse período, ela também teve uma série de casamentos e rompimentos públicos, junto com um turbilhão de namorados (incluindo Richard Pryor). Ela também teve um acidente de carro que a deixou desamparada e parcialmente paralisada.
Margot Kidder morreu em 13 de maio de 2018. Segundo o legista responsável pelo caso, ela sofreu uma overdose proposital após ingestão de remédios e álcool no último dia 13 de maio. Ou seja, se matou.
Dando vida ao impossível com um elenco de impossíveis
Inicialmente, Gene Hackman se recusou a cortar o bigode para interpretar Lex Luthor. Nas primeiras sequências do filme, seu personagem apareceria de bigode. Antes de Richard Donner e Hackman se encontrarem cara a cara, Donner propôs a Hackman que se ele cortasse o bigode, Donner cortaria o seu também, e Hackman concordou. Mais tarde, descobriu-se que Donner não tinha bigode. Ele usava um bigode falso que tirou no último momento.
Marlon Brando recebeu US$ 3,7 milhões, mais uma porcentagem do faturamento bruto, por doze dias de filmagem. O pagamento também cobriu a seqüência, que foi filmada ao mesmo tempo. Brando não apareceu na sequência, porque processou o produtor Ilya Salkind, alegando que Salkind não lhe pagara sua porcentagem dos lucros. Ele finalmente recebeu cerca de US$ 14 milhões por dez minutos de exibição. As filmagens foram usadas em Superman: O Retorno (2006), de Bryan Singer.
Em seu primeiro dia no set, Marlon Brando sugeriu a Richard Donner que as câmeras rolassem durante o ensaio. Brando teria dito: "Quem sabe? Podemos ter sorte". Segundo Donner, essa primeira tomada foi a que foi usada no filme finalizado.
Brando se recusou a memorizar a maioria de suas linhas antecipadamente. Na cena em que ele coloca o bebê Kal-El na cápsula de fuga, ele estava lendo as linhas da fralda do bebê. Ele disse ao diretor Richard Donner que a única maneira de manter sua atuação natural era gravar a primeira vez que ele lesse as falas.
Margot Kidder originalmente deveria cantar a música "Can You Read My Mind" para a sequência do voo com o Superman, mas Richard Donner não gostou da voz da atriz cantando e mudou para uma narração. E de fato, se tornou uma cena antológica, símbolo dos dois.
Susannah York, que interpretou Lara em Superman, ficou irritada com o roteiro; particularmente, a cena em que Jor-El faz um grande discurso para seu filho sobre como ele estava lhe dando um cristal mágico para supervisioná-lo e guiá-lo pela vida. York ficou indignada com o fato de sua personagem não ter dado nada a Kal-El. "Eu não dou merda nenhuma para ele!" ela disse.
Os produtores queriam Joan Crawford para o papel de Martha Kent. Infelizmente, Crawford estava muito doente para assumir o papel e morreu pouco antes do início da produção, no dia 10 de maio de 1977 em Manhattan.
Richard Pryor (que nunca escondeu o fato de ser bissexual) teve um caso com Marlon Brando. Isso é irônico porque Richard interpreta Gus Gorman, um vilão da franquia Superman, e Marlon interpreta Jor-El, pai de Superman. Margot Kidder também teve um affair com Pryor, namorando com ele por um tempo. Ou seja, havia um triângulo amoroso acontecendo entre Lois, Jor-el e o vilão Gus Gorman.
Jerry Goldsmith, que marcou o cinema com trilhas como "A Profecia", do próprio Donner , foi escalado para compor Superman. Partes do trabalho de Jerry Goldsmith do filme Planeta dos Macacos foram usadas no teaser do Superman na época. Porém, ele se desligou do projeto por conflito de agenda. Entrou em cena John Williams, que faria um dos trabalhos mais significativos e marcantes do cinema.
Filmando...
A pré-produção começou em Roma, com a maior parte da atenção sendo dedicada a experimentos malsucedidos para fazer o Superman voar. Ilya Salkind mais tarde lamentou o fato de terem perdido mais de US$ 2 milhões em testes de vôo abortados. A pré-produção italiana teve que ser abandonada quando se descobriu que Marlon Brando não poderia visitar a Itália porque havia um mandado de prisão contra ele, acusando-o de obscenidade, pelo filme Último Tango em Paris, de Bernardo Bertolucci.
A cena do helicóptero deveria ter sido filmada no edifício da companhia aérea Pan Am. Lá havia um heliponto no topo do edifício utilizado para transportar pessoas para o aeroporto JFK. O heliponto foi fechado em 16 de maio de 1977, quando um helicóptero tentou pousar na pista e capotou, matando quatro pessoas (incluindo o diretor de cinema Michael Findlay) e um pedestre quando o dispositivo caiu para a rua.
Nas cenas em que o ladrão está escalando o prédio de escritórios e caindo dele, o cara em seu escritório, cuja janela ele passa, estava amarrado na cadeira e pendurado de cabeça para baixo. A maior parte do prédio era horizontal, com as imagens viradas para dar a impressão de que estavam na lateral do prédio. Repare na capa do herói quando ele esta em pé na lateral. Ela deveria estar caída, mas acompanha o corpo de Reeve.
A aparência distinta da Fortaleza da Solidão ao surgir da neve é baseada na pintura de 1824 de Caspar David Friedrich, 'O Mar de Gelo'. Enquanto a cena em que vemos Clark, encarando a Forlaleza ao longe, lembra outra pintura do mesmo artista: O andarilho acima do mar de nevoeiro.
Richard Donner citou também as pinturas de Norman Rockwell como uma influência no visual do filme. Há uma cena de Jimmy Olsen olhando para a Represa Hoover do topo de um de um desfiladeiro, semelhante à pintura de Rockwell de 1969, 'Glen Canyon Dam'.
Na sequência após o míssil atingir a falha de San Andreas, vários locais reais são mostrados ao longo da costa oeste da América. Isso inclui o letreiro de Hollywood em Los Angeles, a Ponte Golden Gate em São Francisco e a Represa Hoover em Nevada. A cena do Superman segurando a rocha subterrânea evoca a imagem de Atlas carregando o mundo nos ombros na mitologia clássica.
Na cena em que Lois Lane entrevista Superman na sacada, Superman responde: "Eu nunca minto". O produtor Ilya Salkind sentiu que este era um ponto chave no filme, já que o Super-Homem, vivendo sob sua identidade falsa como Clark Kent, está contando uma mentira ao enganar a todos, inclusive quando ele nega ser Superman.
O cinegrafista britânico Geoffrey Unsworth acreditava que ele acidentalmente causou o famoso blecaute de 1977 quando ligou um holofote a um poste de luz da rua durante as filmagens do filme. Às 21h34, as luzes começaram a piscar nos arranha-céus de Manhattan, até se apagarem de vez.
A energia só voltaria 25 horas depois. O blecaute, na verdade, foi causado por raios que atingiram linhas de transmissão e uma subestação elétrica, paralisando diversos setores da metrópole. Foi o último trabalho completo de Geoffrey, que faleceu antes de finalizar seu próximo trabalho, Tess.
Nerd life
Quando Superman cai na Terra, seu primeiro feito de força é levantar um caminhão sobre sua cabeça. A primeira aparição do Superman (Action Comics No. 1) apresentava uma capa do Superman levantando um carro sobre a cabeça.
Quando o jovem Clark Kent corre no trem, diz-se que ele tem dezoito anos, enquanto Lois Lane, que está dentro do trem, parece ser consideravelmente mais jovem. Margot Kidder , que interpretou a Lois adulta, era quatro anos mais velha que Christopher Reeve , que interpretou o Clark adulto. Isso pode ser facilmente explicado a partir do material de origem dos quadrinhos, onde foi demonstrado que o Super-Homem tem um metabolismo mais lento e envelhece muito mais lentamente que os humanos. Isso se deve ao fato de não ser humano ou às habilidades que lhe foram dadas pelo sol amarelo da Terra.
Várias cenas foram filmadas, mas não foram utilizadas na versão de cinema: extensas cenas de diálogo entre Jor-El e seus companheiros kryptonianos, uma cena da cápsula espacial do bebê Kal-El passando pelos vilões presos na Zona Fantasma, uma cena de uma criança Lois Lane vendo Clark Kent correndo extremamente rápido de um trem janela, uma cena em que Martha Kent tenta acordar Clark ainda dormindo, um diálogo adicional entre Superman e Jor-El na Fortaleza da Solidão, uma cena em que Superman é atingido por balas, fogo e gelo enquanto se aproxima da casa de Luthor esconderijo, uma cena em que Otis tem que alimentar os "bebês" de Luthor (algum tipo de animal ou monstro que nunca vemos na tela), e uma cena em que Luthor tenta alimentar a Srta. Teschmacher para esses mesmos "bebês" depois que ela liberta Superman. A maioria dessas cenas foi trabalhada nas versões estendidas.
Superman ou Dr Jekyll e Mr Hyde?
Para conseguir a musculatura para interpretar o papel de forma convincente, Christopher Reeve passou por um regime intenso e um trabalho com fisiculturismo supervisionado por David Prowse, o homem que interpretou Darth Vader na saga "Star Wars". Ele ganhou quase trinta quilos de músculos entre a pré-produção e as filmagens.
Mas o mais curioso não é o fato de que o Superman foi preparado por Darth Vader. O interessante era a inacreditavel mudança corporal de Reeve, que na maioria das vezes, tirava o óculos e se tornava o monstro. De acordo com a autobiografia de Roger Moore, ele testemunhou Christopher Reeve andando pela cantina do Pinewood Studios em traje completo de Superman, alheio às admiradoras que ele deixou desmaiadas em seu rastro.
Quando ele fez a mesma coisa vestido como Clark Kent, ninguém prestou atenção. Curiosamente, algo semelhante aconteceu com Harold Lloyd: quando ele não estava filmando e tirava seus icônicos óculos redondos, ninguém prestava atenção nele, a ponto de ninguém o reconhecer como o ator famoso que ele era. Lloyd foi inspiração para o alter ego do Superman, Clark Kent, principalmente no detalhe dos óculos para se esconder dos olhos do público em sua identidade civil.
Reeve é camaleônico no filme. Ele muda a postura de forma incrível. Sua atuação como Superman e Clark Kent foi amplamente elogiada por fazer a identidade secreta do super-herói parecer surpreendentemente convincente.
Grande parte das filmagens do que viria a ser Superman II: A Aventura Continua (1980) foi escrita e filmada simultaneamente com o original. Antes que as filmagens da sequência fossem concluídas, no entanto, Richard Donner foi demitido e substituído por Richard Lester, que refez a maior parte das filmagens dirigidas por Donner.
Mas isto é história para a sequência.
O filme foi dedicado "com amor e respeito" à memória do diretor de fotografia Geoffrey Unsworth, falecido antes da estreia de Superman.
E uma última reflexão:
"Eu queria que Christopher Reeve fosse de aço... ou que Margot Kidder tivesse a segurança de um super-herói para protegê-la de si mesma. Quando Superman perde seus poderes no filme 2, ele pensa que está tudo acabado. Mas houve um retorno, uma segunda chance de recuperar seus poderes, como de fato aconteceu. Mas o acidente de Christopher foi irreversível... Como pode... uma história de vilões e heróis... envolver tantas tragédias pessoais... Enfim, sobre a capa do Superman se abrigam um mar de obscuridades...
🔷Superman II - A Aventura Continua (1980)
Superman II é um daqueles clássicos da Sessão da Tarde que assisti incontáveis vezes. Na trama, antes da destruição de Krypton, os criminosos General Zod, Ursa e Non são condenados ao banimento para a Zona Fantasma. Anos mais tarde, a Zona Fantasma é destruída perto da Terra pela onda de choque de uma bomba de hidrogênio, lançada da Terra pelo Superman.
Os três criminosos são libertados e ficam com superpoderes concedidos pela luz amarela do Sol. Depois de pousar na Lua e matar sem esforço uma equipe de astronautas que explorava o local, eles seguem em direção à Terra com planos de conquistar o planeta.
Enquanto isso, o Planeta Diário envia Clark e a colega Lois Lane para as Cataratas do Niágara. Lois suspeita que Clark e Superman sejam a mesma pessoa depois que Clark está ausente quando Superman aparece e salva uma criança que cai. Lois se joga intencionalmente na cachoeira, mas Clark a salva sem se expor.
Naquela noite, Clark tropeça e sua mão cai em uma lareira acesa. Quando Lois vê que sua mão está ilesa, Clark revela a ela que ele é de fato o Superman. Ele a leva para sua Fortaleza da Solidão no Ártico, mostrando a ela os vestígios de seu passado armazenados em cristais de energia. Superman declara seu amor por Lois e seu desejo de passar a vida com ela.
Depois de conferir com a inteligência artificial de sua mãe Lara, Superman remove seus superpoderes expondo-se à luz solar vermelha kryptoniana em uma câmara de cristal, tornando-se um mortal. Clark e Lois passam a noite juntos e depois deixam a Fortaleza e voltam do Ártico de carro.
Enquanto isso, depois de se acostumar com a Terra, Zod e seus companheiros viajam para a Casa Branca e forçam o Presidente dos Estados Unidos a se render. Clark e Lois chegam a um restaurante, onde um caminhoneiro chamado Rocky assedia sexualmente Lois e bate em Clark.
A luta é interrompida por uma notícia urgente onde o Presidente renuncia ao cargo a Zod. Quando o Presidente implora ao Superman para salvar a Terra, o General Zod exige que o Superman venha e "se ajoelhe perante Zod!" Percebendo que cometeu um erro horrível, Clark retorna à Fortaleza para ver se consegue recuperar seus poderes e enfrentar os vilões.
Superman II - de Richard... Lester.
Em 1977, o diretor Richard Donner decidiu filmar simultaneamente em duas partes a saga do Superman. Com quase 80% de Superman II já completo, e após ter que adiar a data original de lançamento de Superman (verão de 1978) devido às filmagens deste terem se prolongado mais do que o esperado, as filmagens de Superman II foram suspensas em Outubro de 1978 para que Donner pudesse dar prioridade à conclusão do primeiro filme.
Depois da estreia de Superman em Dezembro de 1978, já estava previsto que Donner também filmaria a sequência. No entanto, inúmeros problemas minaram Donner. O mais importante foi que os produtores (Alexander e Ilya Salkind) anunciaram que as cenas de Marlon Brando em Superman II seriam cortadas para evitar que eles pagassem a Brando os 11.75% a mais do salário que ele teria direito por sua atuação na sequência. Donner anunciou que ou ele faria o filme do seu jeito ou não o faria de modo algum.
Tensões surgiram entre os Salkind e Richard Donner no decorrer dos quase 19 meses de filmagens necessários para completar Superman e a maior parte de Superman II. Os produtores culparam o diretor por ultrapassar o orçamento e o prazo de conclusão dos filmes.
Donner declarou que nunca lhe foi estipulado um orçamento ou um prazo de conclusão. A situação finalmente chegou ao fim e uma decisão tomada em 15 de Março de 1979: Os Salkinds decidiram substituir Donner pelo diretor londrino Richard Lester, que tinha dirigido os dois filmes bem-sucedidos de Os 3 Mosqueteiros.
Donner afirma que foi demitido do Superman II por causa da mesquinhez e ganância dos Salkinds, e isso é basicamente o que o público (assim como o elenco e a equipe do filme) também pensam, mas os Salkinds têm uma história diferente: Dizem que ofereceram a Richard Donner o lugar de diretor novamente em Superman II, mas Donner exigiu que o produtor Pierre Spengler fosse demitido para que ele voltasse.
Spengler supostamente brigou com Donner sobre estourar o orçamento e o cronograma muitas vezes no set de Superman: O Filme (1978); a tal ponto que Donner sentiu que não poderia mais trabalhar com ele. Infelizmente Spengler foi uma das pessoas originais, junto com os Salkinds, que liderou o projeto em primeiro lugar. Eles não achavam que poderiam deixá-lo ir. Então, em vez de concordar com Donner, eles seguiram em frente sem ele. Tecnicamente, se isso for verdade, isso não seria uma demissão, seria um colapso nas negociações.
Gene Hackman não voltou para fazer refilmagens do segundo filme. Todas as suas cenas foram originalmente filmadas por Richard Donner. Outras cenas filmadas pelo novo diretor que exigiam que Hackman usassem um sósia e um imitador de voz para adicionar as falas necessárias.
Durante a cena em que Lois dá um soco em Ursa, Margot Kidder acidentalmente deu um soco em Sarah Douglas e a deixou inconsciente.
Eve Teschmacher desapareceu da história depois que ela e Lex Luthor deixaram a Fortaleza da Solidão, e sua ausência no resto do filme nunca é explicada. Isso se deve ao fato de as cenas de Valerie Perrine terem sido filmadas por Richard Donner, que foi demitido da sequência antes da conclusão.
Margot Kidder ficou muito infeliz durante as filmagens, pois seu casamento com Thomas McGuane estava terminando, ela sentia falta do diretor original Richard Donner e sabia que estava sendo muito bem paga para fazer um pequeno trabalho.
Em uma entrevista à Rolling Stone em 1981, ela lembrou que "durante várias semanas sentei-me em meu camarim, ouvi música, li The Great Shark Hunt e Orwell e muita literatura francesa, escrevi cartas, trabalhei em um roteiro, estudei o divórcio, e de vez em quando eu ia ao set e dizia uma frase como, 'Oh, Superman, Superman.'"
Os ativistas antitabagistas se opuseram ao filme, já que o maior patrocinador foi a marca de cigarros Marlboro, que pagou US$ 43.000 (aproximadamente £ 20.000) para que a marca fosse exibida vinte e duas vezes no filme. Lois Lane foi mostrada como fumante inveterada no filme, embora ela nunca tenha fumado na versão em quadrinhos.
Um adereço incluía uma placa de caminhão escrita com o logotipo da Marlboro, embora os veículos reais para distribuição de tabaco não estejam marcados, por razões de segurança. Isso levou a uma investigação do Congresso.
No primeiro dia de filmagem, o designer de produção John Barry desmaiou repentinamente no set próximo de Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca (1980) e morreu de meningite. Peter Murton foi então contratado no lugar de Barry.
John Williams não retornou como compositor, devido a compromissos de agenda com Star Wars: Episódio V - O Império Contra-Ataca (1980) e Os Caçadores da Arca Perdida (1981). No entanto, Williams concedeu permissão aos Salkinds para usarem seus temas originais, e até recomendou o compositor Ken Thorne, amigo pessoal de Williams, para compor a trilha sonora do filme.
O diretor Richard Lester não simpatizou com o visual épico que Richard Donner deu a Superman: O Filme (1978), dizendo que não queria fazer “algo que lembrasse David Lean”. Lester decidiu descartar a maior parte das filmagens do diretor de fotografia vencedor do Oscar Geoffrey Unsworth e contratou o diretor de fotografia do diretor Michael Winner, Robert Paynter, para criar um estilo que evocasse as raízes do Superman nos quadrinhos.
Lester, Paynter e o operador de câmera Freddie Cooper substituíram a câmera deslizante de Unsworth por panorâmica horizontal e enquadramento estático para evocar histórias em quadrinhos. Da mesma forma, a composição das tomadas que o trio desenvolveu para Superman II, tinha muitos objetos e pessoas amontoados no quadro.
Para enfatizar ainda mais a composição dos quadrinhos, a ação foi fotografada de um ângulo, para dar ao filme a planicidade desejada. Voltando às técnicas do início da era sonora, os filmes de Lester sempre foram rodados com três câmeras filmando a ação simultaneamente; duas câmeras para close-ups, uma para planos gerais. A técnica de Lester aumentou o atrito no set causado pela demissão de Donner. Margot Kidder não gostava particularmente dele.
O consultor criativo Tom Mankiewicz e o editor Stuart Baird recusaram retornar para este filme, em apoio a Richard Donner. No entanto, Mankiewicz ainda foi creditado por isso.
Love Story
Clark sempre escutou os pais, mesmo os de criação. Porém, o amor lhe ensinou a dura realidade do herói, que é norteada pelo sacrifício. Mesmo agindo de forma oculta, chega o momento em que Clark precisa dar lugar ao herói, publicamente. Isso ocorre quando Lois está em perigo. Ele a salva por um triz. Diante de uma multidão.
E no segundo filme, ele é obrigado a revelar sua identidade para Lois. E em consequência, resolve se tornar mortal. O trágico é que ao fazer, percebe como foi egoísta, sacrificando sua utilidade para o mundo em prol do amor.
Clark percebe da pior forma, já que a humanidade está sendo atacada justamente por vilões do seu planeta que ele libertou enquanto ajudava Lois. E com isso, tem uma crise de indentidade, a ponto de pensar se tinha perdido aquilo que fazia Lois gostar dele. Mais irônico e complexo, impossível.
Rocky Balboa
Após o sucesso de Rocky: Um Lutador (1976), Sylvester Stallone lutou muito para interpretar Clark Kent, mas acabou sendo rejeitado (ele foi considerado "muito italiano"). Stallone descobriu que Marlon Brando, que tinha aprovação no elenco, o recusou para o papel, assim como ele vetou Burt Reynolds como Sonny em O Poderoso Chefão (1972).
Stallone subsequentemente foi para o Merv Griffin talk show e denunciou Brando, dizendo que ele não tinha respeito pelo superstar como ator ou como homem. Bom, neste segundo Superman, o cara que bate em Clark Kent, que está sem poderes, se chama Rocky. Uma piada que escancara a situação hostil que foi. E no final do filme, com Clark já com poderes de novo, ele volta no bar e dá uma lição em Rocky.
Daha Iyisi Olamaz
Há duas cenas polêmicas neste filme das quais fanboys, geeks de cinema e críticos reclamam há anos. O primeiro é o beijo indutor de amnésia do Superman. Os fãs reclamaram que esse era um final do tipo deus ex machina e uma trapaça, porque essa habilidade do Superman nunca foi mencionada nos quadrinhos.
A segunda cena polêmica é aquela em que Superman remove um estranho filme plástico de sua insígnia “S”, que cresce magicamente quando ele o joga em Non, cobrindo-o e subjugando-o por um segundo, antes de desaparecer completamente. Fãs e críticos criticaram essa cena por ser aleatória, não tirada dos quadrinhos, e também inútil, já que não fez nada de significativo para Non.
É também um mistério por que os roteiristas da história fazem o Superman explodir seu esconderijo, a Fortaleza da Solidão, na parte 2. O Superman nos quadrinhos continua a usar a Fortaleza como base, como a Batcaverna do Batman ou a Ilha Paraíso da Mulher Maravilha. Ele nunca explode em um gesto simbólico de maioridade, cortando o cordão umbilical com Jor-el.
Em uma entrevista de 2004, Margot Kidder afirmou que Richard Donner filmou cenas suficientes para fazer sua própria versão do filme, e que as filmagens não utilizadas estavam "em algum lugar em um cofre". Um site iniciou uma petição para que a Warner Bros. permitisse e patrocinasse a versão deste filme de Donner. A filmagem foi reeditada em Superman II: A Aventura Continua (Versão do Diretor) (1980) .
Fica evidente, revendo o filme para o post que Lester fez o melhor que pode com o material que tinha e trabalhando com um elenco hostil. E isso não foi o suficiente para entregar um filme verossímil. Há diversas passagens sem o menor sentido, sequências que se perdem na narrativa e cenas desnecessáriamente estranhas. Mas isto não torna o filme menos adorável.
🔷Superman II - Versão do diretor (1980)
Não adianta discutir. Quando um diretor tem uma perspectiva sobre um trabalho, filma parte e é demitido, o que entrar, tem que trabalhar com o parcial do antecessor, mesmo que discorde. Richard Donner filmou em torno de 60% deste Superman. Richard Lester, que não tinha a mesma visão do projeto, filmou os 40 e refez mais uns 20 e aproveitou 40 de Donner. Resultado: um filme bom, mas com passagens incompreensíveis.
A versão do diretor, passa pelo mesmo processo. Richard Donner foi abordado sobre uma possível versão do diretor deste filme já em 2001, no entanto, questões legais complexas envolvendo a filmagem cortada, bem como a relutância por parte de Donner impediram que qualquer restauração oficial ocorresse. Tudo isso mudou com a produção de Superman: O Retorno (2006), que levou a Warner Brothers a resolver todas as disputas legais pendentes relativas às filmagens dos dois primeiros filmes do Superman.
Naquela época, a demanda do público levou a Warner Brothers a encomendar um "Donner Cut" editado por Michael Thau, baseado no roteiro original das filmagens, sem a participação de Donner. Após repetidas insistências de Thau, Donner finalmente concordou em aprovar as cenas à medida que Thau progredia na edição.
Com o tempo, quanto mais Donner se permitiu participar do projeto, mais interesse ele teve em restaurar seu conceito original para o filme, chegando ao ponto de trazer o roteirista Tom Mankiewicz para garantir a coesão da história. O resultado é o filme mais próximo possível da visão original de Donner e Mankiewicz para o filme.
Ma há muitas lacunas e preencheram como podiam. O ator que interpreta Clark Kent gritando para Lois Lane depois que ela pula do Daily Planet não é Christopher Reeve. É perceptível. Já a atriz que interpreta Lois Lane usando a máquina de escrever durante a cena final não é Margot Kidder. O final, escrito, mas nunca filmado, fez com que Lois Lane morresse na Fortaleza da Solidão, o que por sua vez fez com que Superman revertesse o tempo. A cena da máquina de escrever foi filmada em 2006, especificamente para a restauração, e teve uma atriz não creditada no lugar de Lois.
Uma sequência importante que teve que ser omitida do filme foi a sequência "vilões conquistam o mundo", que retratava Zod, Ursa e Non destruindo monumentos e marcos nacionais em todo o mundo. Como a sequência original nunca foi filmada, Michael Thau considerou usar efeitos de computador para aumentar as filmagens existentes para simular as cenas, até que Richard Donner vetou a ideia, não querendo que os novos efeitos de computador entrassem em conflito com os do filme original.
Nesta versão de Donner, o filme começa com uma recapitulação do filme anterior, que terminou com o Superman lançando um míssil nuclear ao espaço. Uma onda de choque daquele míssil atingiu a prisão da Zona Fantasma, libertando os Kryptonianos. Há várias tomadas do espaço diferentes e novos efeitos.
No final de Superman: O Filme, Lois Lane percebe brevemente a semelhança entre Clark Kent e Superman, mas descarta isso como uma ideia maluca. Este pensamento é explorado na versão de Donner quando, no início do filme, Lois rabisca alguns óculos em uma foto do Superman.
Triste coincidência: em uma cena logo em seguida, para ver se Clark Kent é o Superman, salta do prédio do Planeta Diário (ou seja, ainda que não seja sua real intenção, é uma variação de tentativa de suicídio.). Também no original, Superman II: A Aventura Continua (1980), ela se joga em um rio, seguindo o mesmo conceito. Clark consegue salvá-la sem se transformar em Superman. Para nossa extrema tristeza, na vida real, a própria Margot Kidder cometeu suicídio (por overdose de álcool e drogas) em 2018.
Mais tarde, no hotel, Lois Lane atira com uma arma em Clark e quando nada acontece, ele admite que é o Superman. Só depois ela revela que a arma era de festim. Na versão de Lester, Clark tropeça e cai com a mão na lareira. E ao se recuperar sem se queimar, revela a verdade.
Em uma das cenas iniciais da versão de Richard Lester deste filme, Clark Kent sai na frente de um táxi que se aproxima, amassando a frente do táxi. Esta cena nunca foi usada no Donner Cut, mas durante a batalha de Metropolis, este táxi é visto, com o mesmo motorista dentro dele. A colisão foi mencionada nos noticiários de TV do primeiro filme porque era quando originalmente deveria ocorrer.
O Jor-El de Marlon Brando retorna em cenas que deram o que falar na época. Felizmente, a Warner Bros conseguiu chegar a um acordo com quem administra os direitos de imagem de Brando para colocá-lo na versão de Donner. O filme também explica melhor por que o Superman desiste de seus poderes. Ele admite para si mesmo e para Jor-El que está sendo egoísta e que deve ser permitido ser feliz, enquanto Jor-El argumenta que não pode favorecer um humano em relação ao resto.
E o retorno dos poderes do herói também é bem diferente, e traz uma bem-vinda carga dramática ao mostrar Jor-el se despedindo do filho pela última vez, focando novamente no discurso de que o pai se torna o filho e o filho se torna o pai.
Vemos também mais Lex Luthor nesta versão. E aqui não vemos as pavorosas duplicatas holográficas e quando Superman tira o “S” de sua fantasia e o joga em Non como um grande cobertor.
Na briga 3 contra 1 em Metrópolis, ficamos sem alguns momentos ruins da versão de Lester, como o cara falando ao telefone, mesmo depois do orelhão cair no chão durante o supersopro. Ou outras gags visuais também foram suprimidas. Nem Clark se transformando do nada, com a roupa virtualmente sumindo.
O cristal verde que Clark pega na Fortaleza da Solidão é um adereço de Superman: O Retorno (2006). Uma foto das mãos de Michael Thau foi usada para Clark pegar o cristal verde. Segundo o editor, o filme contém cerca de 200 novos efeitos visuais, além dos que já existim.
Superman sempre foi dor de cabeça para a Warner Bros
Em 2017, a Warner Bros. enfrentou pressão semelhante dos fãs para lançar a versão do diretor do filme Liga da Justiça, de 2017, que a internet reconheceu como 'The Snyder Cut', insinuando o diretor original do referido filme. Durante a produção de Liga da Justiça, o diretor Zack Snyder teve que se afastar do projeto devido a uma tragédia familiar. O diretor Joss Whedon foi contratado para conduzir a produção e, ao fazê-lo, alterou diversas cenas do filme que contrariavam a visão original de Snyder.
O filme recebeu críticas fortemente polarizadas. Trazendo como exemplo o corte de Richard Donner, os fãs começaram a persuadir a Warner Bros. a lançar o corte original de Liga da Justiça. Finalmente, em maio de 2020, o diretor Zack Snyder e posteriormente a Warner Bros. anunciaram a data de lançamento da versão do diretor, posteriormente nomeada oficialmente como Liga da Justiça de Zack Snyder (2021).
Curiosamente, veio a pandemia e o filme foi direto para a HBO, com 4 horas de duração.
Mas voltando ao filme, já no final...
A versão de Lester termina com um beijo que apaga a memória de Lois de Superman ser Clark Kent. Embora o beijo tenha sido muito aleatório, a versão de Donner é indiscutivelmente pior.
Assim como em Superman: O Filme, Superman voa ao redor do mundo no final da versão de Donner para retroceder antes que Lois descubra que ele é Clark Kent. O problema é que isso não apenas repete o final do filme anterior, mas também torna o filme inteiro irrelevante, pois apaga tudo o que aconteceu. Até mesmo Zod e seus minions retornam à Zona Fantasma para potencialmente escapar novamente mais tarde.
Ou seja, a jornada de Kent pode ser resumida em ficar girando a Terra ao contrário.
Esta cena final, era o final original pretendido para este filme. Mas durante a produção de Superman: O Filme (1978), decidiu-se usar o final do primeiro filme. Richard Donner e Tom Mankiewicz planejaram criar um novo final, mas Donner foi demitido durante a produção. Ao restaurar esta versão, Donner iria usar o final da versão de cinema, para que não tivesse o mesmo final do primeiro filme. Mas Mankiewicz nunca gostou do final alterado, em que Clark beijou Lois, então o final filmado da intenção original foi usado.
E qual é a melhor versão?
Bom, de forma prática, a versão de Lester é a que estamos acostumados. E se há uma tendência a rever, é ela. Mas quanto à que efetivamente é melhor. Ambos os filmes, pelas razões apontadas, são de 60 a 70% do que os seus diretores queriam. Portanto, como nenhuma das duas versões é incrível, ambos tropeçam em suas próprias pernas, nos entregando bons momentos e falhas vergonhosas.
Então é justo dizer que há um empate. A versão de Donner é mais séria. Mas com muitos fades nos cortes que haveria cenas de transição.
Foi um pedido dos fãs. Pedido atendido.
E nem sempre o fã tem razão.
🔷Superman III (1983)
Se havia alguma dúvida se Richar Lester era o diretor errado para Superman II, ela foi tirada em Superman III. Na trama, o programador de computadores Gus Gorman é contratado pelo magnata das finanças Ross Webster para tomar um satélite meteorológico e aniquilar as plantações de café da Colômbia. Quando Superman frustra o plano, Webster ordena Gorman a usar o satélite para localizar a criptonita. Um elemento alterado na criptonita por Gorman causa efeitos colaterais no Homem de Aço.
Cegos, surdos e loucos
Em seus primeiros minutos, com foco total em ser aquelas saudosas comédias da dupla Richard Pryor e Gene Wilder, vemos um desfile de situações cômicas divertidas. Isto sem falar que Pryor é o destaque da primeira cena. O problema que o filme se chama Superman III.
Christopher Reeve não ficou feliz com o filme e muitas vezes expressou em entrevistas que odiou o resultado. Ele inicialmente jurou nunca mais desempenhar o papel. Ele foi persuadido a fazer Superman IV: Em Busca da Paz (1987) em troca de mais contribuições no roteiro. E o resultado foi pior ainda.
Em sua autobiografia, Richard Pryor admitiu que achou o roteiro péssimo. A única razão pela qual ele concordou em aparecer no filme foi o pagamento de cinco milhões de dólares que lhe foi oferecido.
O ano em que o filme se passa é muito inconsistente. O ano nos cheques/certificados de Gus Gorman era 1983. A 20ª reunião do ensino médio faz parecer que é 1985 (como diz "Turma de 65). As Olimpíadas (parecendo ser verão) deveriam acontecer em 1984.
Apesar do adolescente Clark Kent ter sido interpretado por Jeff East em Superman: O Filme (1978), uma imagem adolescente de Christopher Reeve é vista pendurada no ginásio durante a cena de reunião do ensino médio em Smallville.
Embora Lana seja contratada pelo “Planeta Diário” no final do filme, ela não retorna em Superman IV: Em Busca da Paz (1987). Sua ausência naquele filme fica inexplicável e ela não é mencionada.
Annette O'Toole (Lana Lang) mais tarde interpretou Martha Kent em Smallville: As Aventuras do Superboy (2001). Tanto Margot Kidder quanto Christopher Reeve também fizeram aparições em Smallville, assim como Terence Stamp. Helen Slater e Marc McClure também fizeram aparições em Smallville.
O videogame "jogado" por Ross Webster no filme, com mísseis e Superman, seria também desenvolvido para o Atari, mas o jogo em si nunca chegou a ser lançado comercialmente. Os tons musicais do game são da versão Atari 2600 de Puckman (1980).
A música "Earth Angel" dos The Penguins é tocada durante o baile de reunião da Smallville High School com a presença de Clark Kent e Lana Lang. Também foi tocada durante o baile "Enchantment Under the Sea" na Hill Valley High School em 12 de novembro de 1955 em De Volta para o Futuro (1985). Marc McClure (Jimmy Olsen) também apareceu nesse filme como o irmão mais velho de Marty McFly, Dave McFly.
Dualidade
Como eu mencionei no primeiro filme, Clark e Kal-El são tão diferentes, que parecem uma versão do bem de O médico e o monstro. Mas aqui, elas basicamente se enfrentam na única cena realmente memorável. É uma disputa muito significativa, já que um personagem se esconde no outro, e uma disputa de identidade seria bastante natural.
Quando Kal-El quebra o óculos de Clark, simboliza a morte do personagem criado, que ressurge como Superman e destrói seu lado ruim. Mesmo que o alter ego volte a ativa como o jornalista desastrado, a morte do personagem era necessária para que Superman voltasse.
Esta disputa de personalidades rendeu grandes momentos no cinema, como Gollum e Smeagol em O Senhor dos Anéis. Isto remete ao conceito de dualidade da mente, que se refere à ideia de que a mente ou consciência pode ser dividida em dois aspectos, ou entidades distintas. Este conceito foi explorado e debatido por filósofos, psicólogos e outros pensadores ao longo da história.
Existem várias interpretações e perspectivas diferentes sobre a dualidade da mente. Mas a mais proeminente é o Dualismo, uma posição filosófica que sugere que a mente e o corpo são duas entidades separadas e independentes. Esta visão foi defendida notoriamente por René Descartes, que argumentou que a mente (ou alma) é uma substância não física que existe separadamente do corpo físico. Conforme o dualismo, a mente interage com o corpo, mas eles são fundamentalmente distintos.
As duas funções da mente são essencialmente diferentes. Cada uma é dotada de atributos distintos. A nomenclatura geralmente usada para distinguir as duas funções da mente é a seguinte: a mente objetiva e a subjetiva, a mente consciente e a subconsciente, a mente desperta e a adormecida, o ego externo e o ego profundo, a mente voluntária e a mente involuntária.
Quem nega a própria escuridão, está certamente submerso nela. Cego pelo véu da incompreensão Somos a dualidade. Luz e trevas. Inseridos na singularidade de um só Ser. Somos o equilíbrio.
Evidentemente, a dualidade pode ter um conceito mais amplo. Vamos ver alguns aplicáveis à cena do filme:
Bem versus Mal: Uma dualidade comum explorada em várias mitologias, literatura e tradições religiosas é o contraste entre o bem e o mal. Sugere que os indivíduos podem possuir qualidades positivas e negativas ou envolver-se em ações que são moralmente virtuosas ou moralmente repreensíveis. Esta dualidade levanta questões sobre a natureza humana, as escolhas morais e a luta entre forças opostas dentro dos indivíduos.
Luz versus Trevas: A dicotomia entre luz e trevas representa outra dualidade frequentemente explorada em contextos filosóficos e espirituais. Pode ser interpretado metaforicamente como o conflito entre conhecimento e ignorância, iluminação e confusão, ou verdade e falsidade. Esta dualidade reflete aspectos contrastantes da existência humana e da busca por iluminação e compreensão.
Masculino versus Feminino: A dualidade entre aspectos masculinos e femininos é frequentemente examinada em discussões sobre gênero e identidade. Reconhece que os indivíduos podem incorporar qualidades tradicionalmente associadas à masculinidade e à feminilidade, independentemente do seu sexo biológico. Esta compreensão desafia os rígidos papéis de gênero e incentiva uma perspectiva mais matizada e inclusiva sobre o gênero.
Racionalidade vs. Emoção: A dualidade de racionalidade e emoção explora a tensão entre o pensamento lógico e as experiências emocionais nos indivíduos. Reconhece que os seres humanos possuem faculdades cognitivas para raciocínio e análise, mas também experimentam uma série de emoções que influenciam os seus pensamentos, decisões e comportamento. A interação entre razão e emoção é objeto de estudo em áreas como psicologia e filosofia da mente.
Natureza Humana versus Natureza Animal: A dualidade entre a natureza humana e animal reflete a tensão entre características, tipicamente associadas aos humanos, como razão, linguagem e cultura, e aquelas compartilhadas com outros animais, como instintos e necessidades básicas. Esta dualidade levanta questões sobre a singularidade dos seres humanos e o nosso lugar no mundo natural.
Superman buscou o equilíbrio da forma que apresentou a ele. Pena que o resto do filme, não.
Christopher Reeve escreveu sobre este filme em suas memórias: "Senti muita falta de [Richard] Donner e do que havíamos criado apenas dois anos antes. Gostei da sequência em que Superman se tornou uma versão maligna de si mesmo e tenta matar Clark Kent em um ferro-velho de automóveis. Essa cena é independente; acho que o resto do Superman III foi um equívoco."
De fato...
E dias piores virão.
🔷Supergirl (1984)
Em algum lugar do passado, o spin-off de Superman foi lançado. Realizado por Jeannot Szwarc, que dirigiu Christopher Reeve em... Algum Lugar do Passado. Ambos lançados em 1984.
No filme, Kara Zor-El , prima de Kal-El e sobrinha de Jor-El , vive em Argo City, uma comunidade kryptoniana isolada que sobreviveu à destruição do planeta ao ser transportada para um bolsão de espaço transdimensional, chamado de "Espaço Interior". Zaltar, um mago, permitiu que Kara observasse um item único e imensamente poderoso conhecido como "Omegahedron", que ele pegou emprestado sem o conhecimento do governo da cidade, e que alimenta Argo.
No entanto, um acidente faz com que o Omegahedron seja lançado para o espaço. Pegando uma nave, Kara segue o Omegahedron até a Terra, enquanto se transforma em "Supergirl" no processo, para recuperá-lo e salvar Argo City (nos quadrinhos, Argo City foi construída por Zor-El meses antes da destruição de Krypton e Zor-El construiu uma cúpula protetora ao redor da cidade).
Na Terra, o Omegahedron é recuperado por Selena, uma aspirante a bruxa sedenta de poder, auxiliada pela irresponsável Bianca, que busca se libertar de um relacionamento com o feiticeiro Nigel. Embora não saiba exatamente o que é, Selena rapidamente percebe que o Omegahedron é poderoso e pode lhe dar a verdadeira magia.
Kara chega à Terra e recebe novos poderes por meio de seu ambiente e da radiação de seu sol. Enquanto procurava o Omegahedron, ela cria a identidade falsa "Linda Lee", prima de Clark Kent, e se matricula em uma escola só para meninas, onde faz amizade com Lucy Lane, a irmã mais nova de Lois Lane, que por acaso estuda lá. Kara também conhece e se apaixona por Ethan, um zelador da escola.
O filme é o quarto filme da série de filmes Superman, ambientado após os eventos de Superman III (1983). O fracasso do filme levou os produtores Alexander e Ilya Salkind a vender os direitos do filme Superman para o Cannon.
Christopher Reeve desistiu pouco antes do início das filmagens. Ele estava programado para fazer uma participação especial como Superman, mas não estava disponível. O filme ainda traz uma foto do Superman em uma breve participação especial.
Sua não aparição no filme é explicada por meio de um noticiário (ouvido por Selena) afirmando que Superman deixou a Terra em uma "missão de busca de paz" para uma galáxia distante. Superman partindo para outra galáxia foi reutilizado em Superman: O Retorno (2006), em que Superman retorna à Terra 5 anos após deixá-la para ir encontrar o que sobrou de Krypton.
Jeannot Szwarc disse que o envolvimento de Reeve neste filme teria dado maior credibilidade, e admitiu que gostaria que Reeve tivesse feito uma contribuição para a produção. Marc McClure (Jimmy Olsen) é o único ator a reprisar seu papel em todos os filmes “Superman”.
Helen Slater teve que treinar três horas por dia durante três meses para fazer as sequências de voo ao ar livre, onde foi suspensa por fios de um guindaste de torre de 60 metros. A cena em que Supergirl voa para fora do lago era, na verdade, uma fotografia de Helen Slater colada em um recorte de madeira. O fio que puxa seu recorte de papelão pode ser visto brevemente na cena.
O filme foi concluído pela Warner Brothers. Depois que Superman III (1983) teve um desempenho inferior, o estúdio decidiu não lançá-lo. A Tri-Star Pictures, uma subsidiária da Sony Pictures, escolheu-o e reduziu-o de 126 minutos para 105. Dito isto, o corte original de 126 minutos foi usado para lançamentos nos cinemas fora dos EUA. A Warner finalmente recuperou todos os direitos do filme e finalmente o lançou em DVD em 2006 em sua versão internacional.
Houve aproximadamente cinco reescritas do roteiro antes do início das filmagens. Em uma versão do roteiro, o filme iria começar com a destruição de Krypton de Superman: O Filme (1978).
No início do desenvolvimento, os produtores expressaram desaprovação do traje usado pela Supergirl nos quadrinhos da época, objetando principalmente às calças quentes do uniforme. Como resultado, a "DC Comics" concordou em redesenhar o traje da Supergirl com a aprovação dos cineastas. O traje permaneceu praticamente o mesmo tanto nos quadrinhos quanto em outras adaptações do personagem.
Brooke Shields fez o teste para o papel de Linda/Supergirl. Alexander Salkind queria uma atriz com nome para o papel, mas provavelmente inspirado pela escalação de Christopher Reeve para Superman: O Filme (1978), o diretor Jeannot Szwarc e o produtor Ilya Salkind argumentaram com sucesso a favor da escalação de uma atriz nova e desconhecida para o papel.
O pôster original do filme mostra Supergirl voando além da Estátua da Liberdade (que não apenas segura sua tocha com a mão errada, mas também está de costas para a Baía de Nova York) com o horizonte de Manhattan, destacado pelas Torres Gêmeas do World Trade Center, visível no fundo. Nenhuma cena do filme se passa em "Metropolis", que Nova York representou nos filmes do Superman.
A "DC" odeia o filme com força. Ela cancelou inesperadamente sua série de quadrinhos Supergirl dois meses antes do lançamento do filme, embora ainda tenha publicado uma adaptação do filme em quadrinhos. E a Supergirl foi morta na série “Crise nas Infinitas Terras” da DC, pouco mais de um ano após o lançamento do filme.
Um dos slogans era “Sua primeira grande aventura”. O retorno na bilheteria foi tão decepcionante que nenhuma sequência foi feita.
Ainda bem.
Multiverso da loucura.
O conceito básico de Supergirl é que ela é uma parente do Superman que compartilha a maior parte de seus poderes. Seu criador, Otto Binder, usou o mesmo conceito em 1942, quando criou a super-heroína adolescente Mary Marvel/Mary Batson. Mary era irmã do Capitão Marvel/Billy Batson e tinha poderes quase idênticos aos dele.
O reitor da faculdade que Linda Lee frequenta no filme se chama Sr. Danvers. Nos quadrinhos da Supergirl, Linda foi adotada por uma família chamada Danvers, e até adotou o sobrenome, Linda Lee-Danvers.
O Bizarro é que na Marvel, a Capitã Marvel se chama Carol Danvers. Isto sem contar que o Capitão Marvel, é da DC.
Faz tanto sentido quanto o filme.
🔷Superman IV - Em busca da paz (1987)
O Planeta Diário, jornal onde trabalha Clark Kent, é comprado por David Warfield. Perry White é despedido e a filha de Warfield, Lacy, assume como editora. Após receber uma carta de um garoto que queria ver acabada a possibilidade de guerra nuclear, Superman decide destruir todas as armas nucleares do mundo, jogando-as ao sol. Nesse meio tempo, Lenny Luthor liberta seu tio Lex Luthor da prisão.
A dupla rouba um fio de cabelo que Superman doou a um museu. Luthor usa o DNA contido no cabelo para criar um dispositivo e o esconde numa arma nuclear. Quando Superman joga esta bomba no sol, a energia da estrela cria um ser com poderes de nível kryptoniano, o Homem-Nuclear.
Originalmente, Superman IV - Em Busca da Paz teria um orçamento de US$ 36 milhões. Entretanto, devido a problemas financeiros da Cannon Pictures na época, pouco antes do início das filmagens, sofreu um corte no orçamento, passando para US$ 17 milhões. Devido a redução do orçamento, os produtores tiveram que cortar do roteiro algumas cenas e reutilizar efeitos especiais antigos para o novo filme.
Em 1983, após a recepção negativa de Superman III, Reeve e os produtores, Alexander Salkind e seu filho Ilya, assumiram que já não havia mais entusiasmo para filmes do Superman. Dois anos mais tarde, Ilya Salkind vendeu os direitos dos filmes do Superman para os produtores Menahem Golan e Yoram Globus da Cannon Films.
E não tem como falar do filme sem antes entendermos como ele foi parar justamente no estúdio mais picareta da história.
A Cannon Films planejava os passos para se estabelecer como maior que sua fama. E os títulos seriam Mestres do Universo 2 e Homem-Aranha. E o filme do teioso foi um emaranhado de problemas e frustrações. Mas o fato é que filmes de heróis como Supergirl ligaram um sinal de alerta e a Cannon queria fazer algo grandioso. Então, pensou em lucrar com um tiro certo nas bilheterias para bancar o Aranha. Só que o filme foi "Superman IV - Em Busca da Paz"!
Mas o resultado foi um fracasso: o filme arrecadou pouco mais de 15 milhões nas bilheterias, colocando a saúde financeira da produtora praticamente em coma. A Cannon tinha foco em produções que priorizavam o gênero ação, e então veio uma verdadeira avalanche de produções. Começando com filmes que traziam Ninjas, uma moda na época. A Vingança do Ninja (1983), Ninja 3 - A Dominação de 1984, ambos com o ator Sho Kosugi, eram o exemplo perfeito disso.
A chance de crescimento surgiu quando o produtor italiano Dino de Laurentiis desistiu da sequência de "Desejo de Matar" e vendeu os direitos para a Cannon. O próprio Menahem Golan queria dirigir, mas o astro Charles Bronson disse que somente faria o filme se a direção ficasse com seu amigo Michael Winner, que comandou o original. Bronson conseguiu seu objetivo e o filme fez sucesso.
Ela passou a diversificar, fazendo filmes considerados de arte, como "Camorra" de Lina Wertmuller, o drama erótico "Berlin Affair" de Liliana Cavani, "Os Amantes de Maria" e "O Expresso para o Inferno" de Andrey Konchalovsky, "Louco de Amor" de Robert Altman e "Barfly" de Barbet Schroeder são os exemplos principais. São longas interessantes, porém todos deram prejuízo.
Provavelmente a ganância para aumentar o lucro e o ego da dupla de donos para transformar a produtora numa gigante, fizeram com que a Cannon começasse a investir em grandes produções e quebrasse.
Os primeiros grandes fracassos da produtora ocorreram em 1984 (ela já havia adquirido Superman IV), quando o drama político "O Embaixador" (último trabalho de Rock Hudson no cinema) e a horrorosa aventura "Bolero" dirigida por John Derek e estrelada por sua esposa, a "mulher nota mil" Bo Derek, naufragaram nas bilheterias.
No ano seguinte, a ficção "Força Sinistra" até fez sucesso nos cinemas, porém o enorme orçamento que estourou várias vezes, principalmente pelos problemas com o diretor Tobe Hooper, resultou num grande prejuízo. A produtora gastou muito dinheiro contratando profissionais do primeiro escalão de Hollywood para a parte técnica e para os efeitos especiais, que realmente se mostraram ótimos para época, porém a narrativa confusa deixou o filme aquém do potencial.
Em 1986, a situação melhorou para Cannon com dois sucessos de bilheteria. Golan conseguiu contratar Sylvester Stallone para a filmagem de "Cobra", que não é um grande filme, mas que fez sucesso. O outro acerto foi a aventura "Comando Delta", que era uma refilmagem turbinada de "Operação Thunderbolt" do mesmo Golan e que trazia um grande elenco encabeçado por Chuck Norris e pelo veterano Lee Marvin. Analisando friamente como cinema, o filme tem muitas falhas, mas como diversão, ele é ótimo. Como informação, esta mesma trama tem uma outra versão de 1976 chamada "Resgate Fantástico", que foi dirigida pelo também israelense Irvin Kershner.
Em contrapartida, outros três filmes caros da produtora fracassaram no mesmo ano. O policial "Nenhum Passo em Falso" de John Frankenheimer e outros dois trabalhos de Tobe Hooper, a ficção "Invasores de Marte" e a continuação de "O Massacre da Serra Elétrica". Estes péssimos trabalhos afundaram a carreira de Hooper e empurraram um pouco mais a Cannon para o buraco.
O ano de 1987 seria decisivo para a produtora, que arriscou muito dinheiro em várias produções ao mesmo tempo e fracassou miseravelmente. Seis filmes definem o que ocorreu com a Cannon. O drama sobre o Vietnã "Hanoi Hilton" e os filmes policiais "Armação Perigosa" e "A Marca do Passado", eram as apostas como filmes sérios, sendo que o último tinha roteiro do famoso dramaturgo Norman Mailler e foi levado a disputar o Festival de Cannes onde fracassou completamente.
Os outros três filmes foram aqueles que afundaram financeiramente a Cannon. A adaptação do desenho He-Man para o cinema chamada "Mestres do Universo" foi detonada pela crítica, assim como o equivocado "Superman IV - Em Busca da Paz" e para finalizar, Menahem Golan e Yoram Globus, os cabeças da Cannon, viraram assunto na mídia por pagarem uma fortuna (cerca de 15 milhões de dólares) para Sylvester Stallone estrelar o filme "Falcão - O Campeão dos Campeões", cujo orçamento total ficou em 25 milhões (ou seja: Stallone embolsou sozinho a maior parte da grana!!!). Mas a carreira de "Falcão" nos cinemas foi um fiasco, e a bilheteria mal chegou aos 16 milhões de dólares.
Em 1989, a Cannon iniciou seu fim, terminando a parceria de vinte e cinco anos entre Menahem Golan e Yoram Globus. Golan criaria uma nova produtora no ano seguinte, a 21st Century Film Corporation que funcionou durante alguns anos sem produzir nada relevante.
E agora, o foco no desastre...
Christopher Reeve lamentou publicamente seu envolvimento no filme. Ele escreveu em suas memórias: "Superman IV foi uma catástrofe do início ao fim. Esse fracasso foi um grande golpe para minha carreira."
A escolha de Sidney J. Furie foi absurda. Christopher Reeve sugeriu a Cannon que contratasse Ron Howard para dirigir este filme. Porém, Ron Howard estava indisponível devido à pré-produção de Willow: Na Terra da Magia (1988).
Antes deste filme ser lançado, a Cannon começou a planejar um quinto filme, dirigido por Albert Pyun (que entrevistei). Quando a Cannon faliu, os direitos do filme do Superman foram revertidos para Ilya Salkind e Alexander Salkind. Ilya escreveu uma história para um quinto filme com Cary Bates e Mark Jones, em que Superman morre e é ressuscitado na cidade de Kandor.
Não foi uma adaptação do famoso arco de história "Morte e Retorno do Superman", que antecedeu cerca de dois anos. O projeto foi cancelado quando os Salkinds venderam os direitos do filme Superman para a Warner Bros. em 1993.
A Cannon, pensando que tinha um blockbuster em potencial em mãos, reduziu o filme de mais de duas horas para escassos noventa minutos, para que os proprietários de cinemas pudessem ter mais exibições por dia e, potencialmente, ganhar mais dinheiro do que eventualmente voltaria para o estúdio. Os produtores consideraram usar as imagens excluídas como base para um quinto filme.
A grande maioria das cenas externas foram filmadas em Milton Keynes, Buckinghamshire, Inglaterra. Os produtores Menahem Golan e Yoram Globus não tinham dinheiro para filmar na cidade de Nova York.
As cenas do Superman usando sua "visão de reconstrução de paredes" para reparar a Grande Muralha da China são apenas imagens reaproveitadas dele acenando para as pessoas, na verdade é a mesma cena usada duas vezes, sendo espelhado pela segunda vez para esconder o fato de que é repetido (isso fica aparente na divisão do cabelo do Superman trocando de lado entre as cenas). Ele foi originalmente planejado para consertar em supervelocidade, mas o orçamento de efeitos visuais não conseguiu acomodar esse efeito.
Jon Cryer (de Two and Half Men) disse mais tarde sobre este filme: "Eles ficaram sem financiamento antes de ser feito... eles tiveram que montar um filme incompleto... há tomadas de efeitos que não fazem nenhum sentido, faltam cenas enormes... Juro, no roteiro original fazia mais sentido."
Os temas centrais do filme são semelhantes aos explorados em 'O Dia em que a Terra Morreu!' (Superman #408, junho de 1985). Esta história mostra Superman refletindo sobre a perspectiva de uma guerra nuclear e considerando se deveria ou não intervir nos assuntos humanos.
A inspiração de uma criança, em última análise, mostra-lhe o erro dos seus caminhos e dá-lhe esperança para o futuro da humanidade. A principal diferença entre essa história em quadrinhos e Superman IV, é que no filme ele realmente tenta livrar o mundo das armas nucleares.
No final do filme, Superman percebeu a loucura de suas ações. Ele faz um discurso público onde afirma que não é sua função impor a paz ao povo da Terra. Em vez disso, os próprios humanos devem lutar pela paz se quiserem evitar a aniquilação nuclear.
Ou seja, aprendam a conviver ou vocês que se matem. Eu lavo minhas mãos.
O tempo mostrou que não aprendemos a conviver.